Guia de Doenças

AVC – Acidente Vascular Cerebral

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Todo ser humano é igual, na maneira como o corpo funciona e se mantém vivo, mas, ao mesmo tempo, cada pessoa é única, com suas histórias, experiências, pensamentos, sonhos e medos, que a diferencia de todo o resto do mundo. 

Na engenharia da natureza, fomos projetados de forma que mente e corpo fossem regidos por um mesmo órgão: o cérebro. Ele carrega toda a nossa memória, conhecimento, sentimentos, pensamento, ao mesmo tempo em que permite que nos relacionemos com o mundo, através do movimento, da linguagem, da visão, das sensações. Além disso, cabe a ele garantir que a máquina humana funcione bem, independente da nossa vontade, controlando a respiração, o batimento do coração, a temperatura da pele, enfim, mantendo nosso corpo em constante equilíbrio para que possamos continuar vivendo.

Um órgão tão importante e complexo, como o cérebro, precisa de muita energia para funcionar bem. Nossa energia primordial é o oxigênio, que, ao respirarmos, vai dos pulmões para o sangue, chegando em cada parte do nosso corpo através dos vasos sanguíneos. O cérebro é o órgão do corpo que mais consome e que mais depende do oxigênio.

Como qualquer tipo de encanamento, um vaso sanguíneo pode sofrer problemas. Ele pode tanto entupir, impedindo que o sangue continue seu trajeto, quanto romper, deixando o sangue extravasar para fora do vaso. Quando estes problemas ocorrem em um vaso do cérebro, temos a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente chamado de “derrame”. O entupimento do vaso causa um AVC isquêmico e o rompimento causa um AVC hemorrágico.

Independente do tipo de AVC, ele sempre causa a  morte de um pedaço do cérebro, pela falta de sangue e oxigênio. Como cada parte deste órgão tem uma função, o AVC pode gerar diversos problemas, desde perdas de movimentos, até a incapacidade de falar ou de compreender as pessoas. Ele pode afetar os sentidos, como a visão e o tato, assim como comprometer a memória e até a personalidade da pessoa. A maioria das vítimas do AVC perdem o que, para muitos, é o maior tesouro que o ser humano possui: a independência. Tornam-se, muitas vezes, limitadas, dependentes de outros para atividades básicas da vida, como andar e comer. Esta doença ataca o indivíduo em sua essência, pois, ou ela interfere diretamente na mente humana, ou danifica o funcionamento do corpo, comprometendo a interação com o mundo, roubando a qualidade da vida.

Mas, qual é o risco de sermos atingidos por esta catástrofe? Quanto devemos nos preocupar com esta doença tão avassaladora?

A cada 6 segundos, morre uma pessoa vítima de AVC. Ele é a segunda maior causa de morte no mundo , sendo responsável por 6 milhões de vidas perdidas a cada ano, além de ser a maior causa de incapacidade adquirida, por conta das sequelas funcionais existentes em uma grande parte dos sobreviventes.

No Brasil, o AVC já atingiu o primeiro lugar em mortalidade, matando 100.000 brasileiros por ano. Para cada morte, existem, ao menos, 4 pessoas que sobrevivem com sequelas incapacitantes. Segundo dados do INSS, 70% das vítimas de AVC não voltam a trabalhar. A doença é responsável por 40% das aposentadorias precoces no país.

Tal impacto vai muito além do paciente. Toda a família sofre e se compromete com esta doença. Os impactos social e econômico são imensuráveis. Ao falarmos de AVC, não estamos falando apenas de uma doença grave. Estamos falando da maior epidemia deste país, responsável por mais danos à sociedade do que a dengue, a AIDS, a tuberculose e a gripe A juntas.

Como mudar este cenário? Como combater este inimigo?

O primeiro passo é o conhecimento. As pessoas têm pouco interesse em conhecerem sobre as doenças e sobre o próprio corpo. Todos têm medo de um “derrame”, mas muitos não sabem o que ele significa, quais os seus sinais e sintomas e o que deve ser feito para se prevenir e se tratar.

O segundo passo é a prevenção. A grande maioria dos AVCs são isquêmicos, ou seja, ocorre o entupimento do vaso. Os fatores de risco que podem levar a este entupimento são, além da idade e dos fatores genéticos: tabagismo, etilismo, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial descontrolada, diabetes descontrolado, colesterol e triglicérides elevados, estresse crônico. Estima-se que até 90% dos AVCs poderiam ser evitados.

O terceiro passo é a identificação imediata dos sintomas de um AVC agudo, permitindo um atendimento neurológico rápido e efetivo. No caso do AVC isquêmico, quando ocorre um entupimento de um vaso, o território do cérebro acometido não morre todo de uma vez. Esta área cerebral em sofrimento pode ser recuperada, ao menos parcialmente, caso o paciente seja tratado de forma rápida e adequada.

Uma assistência neurológica bem feita pode diminuir ou até reverter totalmente as sequelas do AVC, que, do contrário, seriam definitivas. O grande problema é que o tempo ideal para este tratamento é muito curto. No curso de um AVC isquêmico, a cada minuto, quase 2 milhões de neurônios são perdidos. Após cerca de 4 horas e meia, a perda provavelmente já terá sido completa. Por isso, para que haja uma chance de combater o AVC agudo, é fundamental que as pessoas saibam suspeitar rapidamente dele, para que possam chegar a tempo em um hospital capacitado.

Sintomas
O AVC sempre causa um sintoma súbito, repentino, imediato. Os sintomas mais comuns são: fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente quando em um lado só do corpo; confusão, alteração da fala ou compreensão; alteração da visão; alteração do equilíbrio, tontura, dificuldade de andar; dor de cabeça súbita, intensa, sem precedentes. Caso a pessoa tenha qualquer um destes sintomas, pode ser o início de um AVC e é fundamental uma avaliação médica urgente.

Existe um teste que, quando positivo, aumenta ainda mais o risco da pessoa estar tendo um AVC. Pede-se para ela falar uma frase, depois pede-se para ela sorrir e, por fim, para ela ficar com os braços estendidos, para frente, por 10 segundos. Se a pessoa não conseguir falar uma frase simples normalmente ou, se ao sorrir, a boca se mostrar torta para um lado ou, se ao tentar sustentar os braços, um deles começar a cair, em qualquer um destes três casos o risco de um AVC agudo é extremamente elevado e o atendimento deve ser o mais urgente possível.

O AVC é uma doença extremamente grave, mas que pode ser prevenida na maioria das vezes e que, se bem tratada, diminui dramaticamente o risco de sequelas e de morte. A doença é mais comum com o passar da idade, mas pode acometer qualquer pessoa, em qualquer faixa etária. Por isso, os sinais de alerta devem ser levados a sério, em todos os casos.

A luta contra o AVC deve ser constante e de toda a sociedade. É uma batalha na qual, para vencermos, precisamos nos conhecer e nos respeitar. Cuidando do corpo e da mente, poderemos sair vitoriosos, tendo, como troféu, o direito de usufruir desta vida, que é passageira, com o máximo de qualidade e dignidade.

RESPONSÁVEL:
Gustavo Daher Vieira de Moraes Barros
CRM-MG: 40745

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